terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desafios da Igreja Evangélica Brasileira

O futuro da Igreja Evangélica Brasileira está diretamente ligado à sua capacidade de lidar com os desafios enfrentados no presente. Antes, porém, de alistarmos tais desafios, faz-se necessário delimitar o que é a igreja evangélica brasileira. Afinal, de contas temos muitas "igrejas dentro" da igreja brasileira. Como afirma Jose Miguez Bonino, o protestantismo brasileiro, assim como o latino-americano possui muitas faces, muitos rostos. Todavia, sem emitirmos juízo de valor sobre qual é o rosto que melhor representa a igreja dentro da sociedade, postulamos que as igrejas históricas, aliadas às pentecostais clássicas parecem ser as que melhor carregam a bandeira da herança protestante. Mesmo que essa herança tenha sido deixada nos moldes do fundamentalismo norte-americano.


Assim, os desafios que queremos alistar são a crescente desvalorização das instituições religiosas, resultantes da secularização e da falta de pertença identitária, a necessidade de uma maior interação com a cultura brasileira e o exercício da função profética da igreja, resultantes da mudança da postura ética.

Sobre o primeiro desafio, ponderamos que os ideais pós-modernos tem contribuído para um esvaziamento sobre o sentido de pertença identitária. O que tem incidido diretamente para o declínio das religiões tradicionais. O indivíduo do século XXI não precisa pertencer a uma igreja, mas pode viver uma fé individualista. O perigo desta postura é a falta de comprometimento com os valores cristãos, tornando-se um ser isolado e, engendrando por uma espiritualidade cada vez mais desprovida de senso comunitário. 

O segundo desafio é a possibilidade de superar a visão dos pioneiros do chamado protestantismo de missão de que toda a cultura brasileira está irremediavelmente contrária aos princípios da palavra de Deus. Assim, isolamo-nos em nossos casulos eclesiásticos, deixamos de interagir e progredir no aspecto cultural, por conta da demonização da cultura brasileira e da sacralização das culturas americana e europeia. Nossa proposta é a manutenção intacta do kerigma e a possibilidade de interação com o mundo, não para ser moldado por ele, mas para influenciá-lo. Afinal de contas, devemos ser sal e luz. 

Por fim, propomos que a igreja brasileira deve recuperar as raízes protestantes com a máxima urgência. Contudo, isto só poderá ocorrer se resgatarmos nossos valores éticos e bíblicos. Neste aspecto, temos nos assemelhado a uma sociedade capitalista, injusta e que só pretende levar vantagens, onde os fins justificam os meios. A busca por lucros, às custas do fieis menos favorecidos, a idolatria pelo jogo dos números e a valorização do "ter", em detrimento do "ser", revelam uma igreja que precisa voltar ao primeiro amor.

Concluímos com o pedido de Jesus na oração sacerdotal: "Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal" (Jo 17.15)

Por 
Clayton da Silva Guerreiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário