sábado, 13 de agosto de 2011

Não Se Trata Apenas de Igrejar os Desigrejados

É fato que aqueles que representavam os espoliados sociais se sentiam bastante a vontade com Cristo, gostavam dele, procuravam segui-lo. Contudo, quando perguntamos sobre que relação destes tem com os seguidores de Cristo a resposta não é a mesma, existe alguma coisa que destoa aqui!
Hoje perguntei aos meus alunos o que eles entendiam por Igreja, e as respostas foram para o mesmo caminho: "um espaço, um grupo de pessoas onde Deus atua ou está". Será essa a definição que teriamos de Igreja se perguntassemos fora de nossas paredes? Não precisamos sair as ruas para termos a resposta, basta notar nossa falta de atração para com os espoliados (e aqui não me refiro apenas aos pobres economicamente mas aqueles que são tidos como não-normais). Basta lembrar aquela história contada por Phillip Yancey em seu livro "Maravilhosa Graça" em que uma prostituta perguntada porque não ia a igreja ela disse que já se sentia culpada demais!

A Igreja parece passar por um total descrédito no quesito de atração social.

Há muitas ironias no percurso para se responder sobre como isso aconteceu e o qual o seu efeito. Uma das ironias é o abandono da palavra "Igreja" por parte de alguns grupos surgidos entre as décadas de 60 a 80, fazendo-se uma opção pelo nome "comunidade", era como se o temo "Igreja" tendo passado por corrupções, lembrasse apenas estrutura, instituição e essas coisas não fossem espirituais e o termo "comunidade" fosse profundo, familiar, relacional... Esse é um fenômeno novo, o testemunho do passado  nos diz que o termo Igreja prevaleceu, era dessa forma que os cristãos falavam sobre o resultado da ação salvadora de Deus na história: Igreja. "chamados para fora", "Assembléia" a Igreja é um substantivo escrito no singular mas vivido no pluralidade daqueles que a compõem.

Calvino e Lutero se referiam a dois aspectos da igreja: a visivel e a invisivel. Vejam que não são DUAS igrejas, mas dois ASPECTOS da Igreja. A primeira, visível, passa pela tão criticada Instituição, inumeros são os textos a criticar e a devassar esse aspecto de Igreja. Uns se sentem chamados para a formação de uma Igreja mais simples, acusando a Igreja de "Institucional" e como resposta a isso criam outra Instituição - haverá como sair desse ciclo? É preciso sair desse ciclo?


Para os Reformadores a Instituição é neutra, pecadores são os homens que a comandam. Lutero e Weslley por exemplo a princípio não reclamaram a fundação de uma nova Igreja, mas o retorno dessa aos fundamentos que segundo eles haviam se perdido.

Um outro lado dessa ironia é a verdadeira gama de novas formas de eclesiologia que buscam "igrejar os desigrejados": Reuniões lúdicas e extravagantes por se entender que o maior problema do homem é ocupacional e não existencial. Botem as pessoas dentro da igreja e anime-as, pronto!

A questão não se trata, no entanto, de igrejar os desigrejados, mas de humanizar pessoas cuja imagem de Deus está apagada, isso só se faz com evangelho e amor e foi à proclamação e ao amor que a Igreja foi convocada nesse mundo; é nessas duas ações que se encontram a natureza essencial da Igreja de tal forma que se não há proclamação de todo o evangelho e se não houver amor a todas as pessoas ela está fadada a ser não-Igreja. Quando a Igreja já não sabe o que é e não sabe o que deve fazer nesse mundo o resultado é simplesmente a repulsa daqueles que deviam estar nos seus bancos ou em suas reuniões; eles já não se sentem atraídos pela Igreja porque esta vive um narcisismo de linguagem e atividades.

Em suma, é necessário pelo menos tres coisas no que se refere a Igreja:

1. Ter claro definição da Igreja nos dias de hoje: o que esperar dela? o que não esperar?

2. Ter claro a sua composição; "pecadores que continuam tentando" (Nelson Mandela);

3. Ter claro o papel da Instituição e não simplesmente condena-la.
 Quem sabe então a pergunta sobre o que é Igreja tenha a mesma resposta seja dentro ou fora.

E. Pedro Silva







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